Por Maneco Nascimento
Fotos: TV Garrincha
A noite de sábado, 03 de setembro, às 19 horas, em Memórias de festejos Aniversário Theatro 4 de Setembro 128 Anos – Ano Rita de Cássia, trouxe à plateia quente, daquela agenda, uma grata surpresa, uma alegria contagiante e espetacular show para Música Canções Performances e Arte detalhada dramática de Letícia Sabatella, no seu Caravana Tonteria.
Já começa com um libelo de Canção de revisitas originárias de tradição e ruptura fidelizada ao memorial de manifestação kraô, os sons os sins os ruídos naturais, em escala vocal, estrilados e deixados ao centro da partida da cunhã à chegada da recepção concentrada.
Sabatella desempenha, desde a primeira vocalização até a última chamada de atenção musical, quando retorna a pedido do público, um qualificado Ato de bem em cantar, compor ressignificação às próprias Canções e outras melodias contidas em sua performance brilhante.
Na cena vai alinhando intenso aparato vocal e dramático, em dialogismo seguro com músicos-música-plateia, ativando e reinventando-se dentro do eixo seguro de atrair e manter ativado o curso de recepção do artístico apresentado.
Um figurino, de primeiras entradas, que poderia lembrar, em recepção livre, a plumagem de uma graúna, ou outra ave certeira dos campos, matas, aldeia, sertões de dentro das vivas cantorias de aves-uirapurus-sabiás-pintassilgos-tico-ticos-pássaros e seus encantos estridentes, pontuais e preenchedores dos silêncios naturais do tempo de conter beleza e raridades, demarcando compassos musicais da natureza.
O desenho de luz do espetáculo[de Wagner Pinto], pois + que show de estética apurado, um banho de sutilezas feito chuva derramada sobre os vívidos mortais articulados na cena e mapa expresionista de matizar emoções e abrir cortinas e delinear tons e cores na paleta do quadro audaz, feito kandinsks coroando o cênico carpintado na voraz tensão, tesão dos artistas que volatizam todo o corpo derramado no Caravana Tonteria.
Sabatella, fazendo juz ao traduzido do próprio nome à acepção do latim original, é toda Alegria em franca expansão de partículas quantum. Um big – bem querer e doar-se – bang, bum assomando todo o universo, em volta, de energia expandida na cena e colhendo a plateia em cheio.
Sabe, como nunca, preencher de cênico qualquer fresta dos céus do palco e amplifica Luz da própria estrela, radiando generosa ação dramática a corpos presentes na composição do todo direcionado.
Um repertório sagaz e em ebulição de doces, graves e impactantes melodias sentimentais. Suas composições e de parceiros tonteiriados detêm não só efeitos musicais pop, mas de-cifras, na pauta de matemáticas sonoras, variações a temas de eruditos revitalizados a arranjos submersos na liberdade criativa e irretocável técnica-estética musical popular arrojadas, definindo o inteligente sonoro da direção musical, de ninguém menos que Arrigo Barnabé.
A intérprete percorre o trem melódico, nas estações de domínio, porque sua aldeia sua veia está atenta e forte feito tatuagem. Sambinhas, melódicos de calientes amores portenhos e um dueto [ com Fernando Alves Pinto ] para Gardel, de ferver sangue e agitar corações rubros no apaixonante do cancioneiro de qualquer boa estação. Brilha cores vibrantes em Geni e o Zepelim, do Chico, numa interpretação pancada da atriz, que corrobora o corpo que fala Teatro e da cantora que devora a assistência. Na antropofagia deixa partículas de seu espírito e performance cênico musical, no corpo da recepção.
O corpus do espetáculo, uma Letícia vibrante e regia solum, em completa majestade coroada por densidade dramática. O esteio musical, em quarteto apurado, gera Fernado Alves Pinto[serrote, violão, voz]; Paulo Braga[num piano que, mais falasse às teclas dadas seria capricho dos deuses. Show!]; Zeli Silva[contrabaixo]; Sidmar Vieira[num trompete jazz metal ouro] assomado à operação de som, Herman Romero, ganha uma intensidade de beleza plástica e reverbera prazer de ver ouvir sentir a obra posta.
O espetáculo define sinergia de fascinio e deleite garantida e nos toma de assalto, desde a primeira luz revelada da força sonora e verve, de atriz, de Sabatella.
Vai-se delineando em voz e composições suas e, numa heterogeneidade para estéticos afiados. + o compasso reunido nas canções de mestres, a ver e ouvir Eles por Ela. Chico Buarque, Cole Porter, Kurt Weill, Duke Ellington, Carlos Gardel e, na hora do biz, aplica o beijo da Diva e encorpa Édith Piaf em Je Ne Regrette Rien.
De deixar tonta toda a plateia, Sabatella e seu cabaré luxuoso e de requinte musical irretocável nos lega uma alegria impagável e uma sensação de querer mais, porque o furacão Letícia nos assalta por inteiro e deixa marcas de prazer, beleza e verdade dramáticas de perder o fôlego.
O Lugar de Fala dá-nos uma Letícia Sabatella ínteira e se nos incorpora no todo, pois que o Seu, o meu, o nosso lugar de Fala é lugar de liberdades. “O Meu País é meu Lugar de Fala!”, Arte, Expresão, Política, Cultura, Música, Canções, Espetáculo, do Doce Furacão Chamado Alegria.