Uma das principais características do rock é a contestação. O estilo veio, entre outras coisas, para questionar o que a sociedade impõe. Nessa coluna, irei destacar algumas músicas que questionam a religião ou fatos relacionados a ela, que é uma das coisas mais importantes na vida dos seres humanos e que, na minha opinião, é algo de extrema necessidade, mas que acaba sendo usada para as mais diferentes finalidades que não o bem, podendo se tornar uma das piores coisas que existem no mundo. Afinal, quem pode imaginar ter sentido uma guerra, ou seja, matar em nome de Deus? A verdade é que a usam basicamente para manipular e alienar os fiéis e ainda enriquecer algumas pessoas.
Dito isso, vou listar algumas bandas ou artistas brasileiros que meteram o dedo na ferida, usando o rock da melhor forma possível. A primeira é a Plebe Rude, banda de Brasília que foi formada em 1981 e faz um punk rock, como não poderia deixar de ser, com críticas sociais e políticas. A banda se destacou por não se prender ao estilo, digamos, engessado do punk, misturando influências de bandas inglesas a arranjos e melodias mais elaboradas.
A música em questão é “Até quando esperar”, que faz uma crítica ao capitalismo e, ao mesmo tempo, em alguns trechos, uma analogia entre o sistema econômico e a religião. Por exemplo, no trecho “E cadê a esmola que nós damos sem perceber que aquele abençoado poderia ter sido você?”, às vezes não percebemos que a nossa generosidade ao dar esmolas não é suficiente para diminuir as desigualdades e “aquele abençoado” poderia tanto ser o patrão ou Jesus, passando a ideia de que a pessoa teria uma vida melhor.
E para fechar essa resumida análise, o refrão que diz “Até quando esperar a plebe ajoelhar esperando a ajuda de Deus”, enquanto o povo estiver ajoelhado rezando, nada irá mudar. Os caras estão na ativa e, como muitas coisas ainda não mudaram no país, eles continuam tendo de onde tirar inspiração para compor.
Ele não poderia ficar de fora dessa lista. Raul Seixas é um dos caras que personificam o rock. Suas letras e músicas incríveis, além de nos divertir, nos levam à reflexão, como no caso de “Rock do Diabo”. Nessa letra, Raul fala da conexão e influência do diabo no rock, o ser do “mal” incita a rebeldia e liberdade que são coisas enfatizadas pelo rock. Proclamando o diabo como pai do estilo, ele sugere o poder do gênero musical que desafia as normas sociais.
E para finalizar essa lista que poderia ser bem maior, uma música de uma das maiores bandas brasileiras que eu admiro que é a “Titãs”, também porque eles fizeram e fazem o que querem. Começaram com um som meio new wave, mais à frente flertaram com música eletrônica, mas o que eles sabem fazer melhor é o rock com muita guitarra e letras contundentes, como em “Igreja”. Os caras não tiveram receio de que a letra fosse trazer problemas, por vivermos infelizmente (na minha opinião) em um dos países mais religiosos do mundo, um dos motivos de sermos atrasados cultural e socialmente.
Não concordo com tudo que a letra diz. Dito isso, uma das coisas que me chama atenção é que os versos dessa música vão direto ao ponto, sem rodeios, como podemos perceber logo no primeiro trecho: “Eu não gosto de padre, eu não gosto de madre, eu não gosto de Frei, eu não gosto de bispo, eu não gosto de cristo, eu não digo amém”. Eu incluiria “eu não gosto de pastor”, mas na época esse tipo não estava tão em evidência como (infelizmente) hoje em dia.
Essa é uma das minhas preferidas da banda, pois além de tudo levanta a bandeira da liberdade de expressão e o inconformismo com instituições que fazem mal à humanidade, quando deveria justamente ser o contrário.
E como de praxe deixo aqui os links das músicas:
Plebe Rude.https://www.youtube.com/watch?v=Hau9i7FiVfM&pp=ygUecGxlYmUgcnVkZSBhdMOpIHF1YW5kbyBlc3BlcmFy
Raul Seixas https://www.youtube.com/watch?v=uxzIiAQFTWM&pp=ygUacmF1bCBzZWl4YXMgcm9jayBkbyBkaWFibyA%3D